Me desculpem os filósofos, mas, para mim, senso comum é o que se aprende “na rua” e bom senso é o que se aprende em casa. Nesta perspectiva, o senso comum pode ser construído e mesmo conduzido por ideias sugeridas pela mídia, por formadores de opinião, pela escola, enfim, pelos que têm influência sobre as massas. O bom senso, por sua vez, é transmitido de pai (e/ou mãe) para filho.
Aprendi em casa que nem tudo que é comum é normal. Quando ainda era adolescente, minha mãe sempre me dizia que não era a hora de “pegar o carro”, mesmo com a minha demorada argumentação de que todos os colegas do colégio já dirigiam. Foi por estes e outros ensinamentos que aprendi a dar o troco certo, esperar minha vez na fila, desligar o celular em reuniões, cinema, igreja, biblioteca, sala de aula... Enfim, mesmo que todos ao meu redor façam o contrário, para mim, essas regras ainda valem.
Ora, não é tão difícil entender que o telefone da empresa é pra ser usado nas necessidades do trabalho. Que a vaga destinada a portadores de necessidades especiais não pode ser ocupada senão pelos próprios. Isso vale tanto para as pequenas coisas quanto para as grandes: passagens aéreas e diárias destinadas a viagens profissionais, verba indenizatória por despesas em serviço e tantas outras situações.
Por mais que as novelas, as notícias, as propagandas e “todos ao redor” tentem nos convencer diariamente que tudo é permitido em nome da satisfação pessoal (mentir, trair, roubar e outras atrocidades), precisamos alterar esta cultura. Há de se investir muito na construção educacional e na divulgação do que realmente é de bom senso. E isto é feito não só em casa e na família, mas nas instituições sociais coletivas, como escolas e universidades. Tirando assim a incumbência de que a nossa visão daquilo que é importante seja ditada e sociabilizada no horário nobre da televisão.